domingo, 18 de setembro de 2011

A indústria carbonífera catarinense

Por que escolhemos este segmento?

     Grande galerinha do mal que nos acompanha aqui no Área restrita, hoje falaremos de um assunto que, com toda a certeza, deu-nos alegria na hora de pesquisá-lo e desenvolvê-lo. O setor mineral do sul de Santa Catarina tem uma história cativante, um processo bastante especial e uma série de tópicos e questões a serem abordadas que não só matam as dúvidas de muitos em relação ao tema, como também enriquecem (e muito!) o conhecimento da gente.
     Escolhemos o setor mineral (em especial a extração carbonífera em Santa Catarina) por diversas questões, entre elas:
- É o setor vigente onde a equipe Área restrita reside (Sul de Santa Catarina).
- Moramos também às beiradas do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, da empresa Tractebel Energia (http://www.tractebelenergia.com.br). Por isso, temos uma íntima relação principalmente com essa parte final do processo carbonífero.
- Conhecemos pessoas relacionadas a essa área e também antigos trabalhadores de minas.
- Em consenso, concluímos que poucos blogs iriam abordar tal tema, sendo a singularidade de grande importância e crédito para a equipe.
     Antes de realmente começarmos a falar sobre o tema, queremos esclarecer algumas questões.
     Entre elas, dizemos que nada no blog é plagiado ou de alguma forma copiado de outra fonte qualquer. Os textos escritos são todas de autoria da equipe e de nenhuma outra pessoa mais. São baseados em algumas obras, mas sempre com a referência bibliográfica no final da postagem. As imagens da internet são livres, pegadas no famoso Google (https://www.google.com/) e se porventura não forem, damos os referentes créditos aos criadores das mesmas.
     Nosso mascote, por mais que alguns tentem confundi-lo com um Pokémon (Game e posteriormente desenho animado japonês da década de 90 e que vigora até hoje), nada tem a ver com este. Criamos Gulquet partindo somente de nosso tema inicial: “Área restrita”, e nada além disso.
     Pois bem, está mais do que na hora, vamos então ao que interessa. Boa leitura.
Restritos ao conhecimento!
*Legenda da postagem: 


Categoria vermelhaPara aqueles que desejam entender o assunto num modo geral.
Categoria azul: Esta categoria se restringe aos que almejam um pouco mais de intensidade no conteúdo.
Categoria verde: Caso você seja curioso ao extremo, os textos títulos verdes são para você. Curiosidade pura. 


O carvão mineral

Clique na imagem para ampliar
     Assim como os demais hidrocarbonetos, o carvão mineral um dia foi algo vivo: Florestas, animais e restos orgânicos soterrados e sedimentados, colocados a grandes pressões e temperaturas ao redor dos milhões de anos que se passaram desde sua formação. Este processo lento deu origem ao nosso grande amigo carvão, principalmente no subsolo terrestre.

     De acordo com sua idade o carvão mineral classifica-se também em forma de qualidade. Quanto mais velho, maior seu teor energético. Sendo assim, podemos classificá-lo em quatro etapas bem distintas: A turfa, o linhito, a hulha e o antracito.
     A turfa é a fase do carvão em que ele se encontra com menor teor energético, em virtude a sua pouca idade.
     Na fase linhito o carvão encontra-se com um pouco mais de poder energético, ao passo que seu teor carbonífero aumenta e consequentemente, nota-se que sua idade também é mais avançada.
     Na hulha o teor carbonífero aumenta consideravelmente em comparação a sua fase turfa. Seu poder energético é também maior.
     A quarta e última fase é dada pelo antracito, fase que aborda o maior teor energético e carbonífero, sendo também a mais velha.
     Falando dos combustíveis fósseis, o carvão é o que mais possui reservas no mundo, sendo a Rússia seu maior produtor (cerca de 56,% das reservas mundiais). Tal mineral não metálico é pouco viável no Brasil, em virtude  de sua composição muito nova, sendo de baixo poder energético. No sul, como já dissemos na postagem anterior, é onde se encontram as únicas reservas viáveis, principalmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

     Nos próximos textos descobriremos sobre seu processo de produção, tal como as doenças e acidentes que se englobam nesse processo e também os danos ambientais apresentados. Com uma série de curiosidades e informações, nossa postagem foi feita da forma mais acessível e ilustrada possível. Esperamos que gostem.
(Ilustração de Henrique Maciesk, Escola Jovem - Tubarão)

Curiosidades!
- O carvão não serve somente para a produção de energia, mas também para a fabricação de plásticos, alcatrão, fertilizantes e como auxiliador no derretimento de minérios de ferro para a fabricação do aço.

O carvão no Brasil

      Referente ao carvão e sua utilização na indústria brasileira, podemos dizer que em média:
85% do carvão utilizado é consumido na produção de termoeletricidade
6% na indústria cimenteira
4% na indústria de papel celulose;
5% nas indústrias de cerâmica, de alimentos e secagem de grãos. 

    Sua composição é em média de:

Carbono 59.87%

Hidrogênio 3.78%
Oxigênio 7.01%
Enxofre 2.51%
Cinzas 26.83%

     Segue o link do mapa geológico de Santa Catarina: http://www.cfh.ufsc.br/~laam/rgsg/imagens/mapa_geologico_sc.jpg

Curiosidades!
     -Os Hidrocarbonetos são compostos orgânicos (estudados em demasia no terceiro ano do ensino médio), formados basicamente por átomos de carbono e hidrogênio [Hidro + Carbono]. Entre eles estão os combustíveis fósseis, como o carvão, o gás natural, o petróleo e seus derivados (gasolina, querosene, etc.).
     Os hidrocarbonetos são exímios compostos energéticos, sendo de total importância para o ser humano. Foram ganhando respaldo no século XIX, quando a querosene passou a servir de combustível para gerar luz e calor, porém, sem a utilização frenética que viria anos após, principalmente com a Segunda Guerra Mundial, onde os grandes aviões movidos a gasolina se tornariam quase mitos da época guerrilheira. Por tal razão, o petróleo, da onde deriva a gasolina, passou então a ter um apelido carinhoso: “Século XX”, em função do grande período de ascensão do hidrocarboneto, principalmente com a Guerra Fria. 

*Para saber mais, indicamos esta obra de Rinaldo Bergamim, ótima para quem almeja maiores detalhes sobre os hidrocarbonetos:
http://www.agracadaquimica.com.br/quimica/arealegal/outros/85.pdf

*Este é um livro que dá maiores detalhes sobre o carvão, sua composição, geologia, questões econômicas e outros assuntos também muito interessantes são aqui abordados. Vale pena conferir
: http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/142932/?pac_id=18665&gclid=CIrehbXqkKsCFZNV7AodxTzluw

*Para quem curte as apresentações em slides, segue um link com uma apresentação em PPT para download: http://www.4shared.com/document/9bHPHfHx/Hidrocarbonetos.htm
Butano - Exemplo de hidrocarboneto
 Um pouco de história
História da Exploração de Carvão no País

     Historicamente, o carvão brasileiro foi descoberto em Santa Catarina, em 1827, na localidade de Guatá, município de Lauro Müller e foi inicialmente explorado por uma empresa inglesa que construiu uma ferrovia ligando Lauro Müller ao porto de Laguna. Como o carvão catarinense era considerado de baixa qualidade, sua exploração deixou de despertar interesse para os ingleses, obrigando o Governo Federal a repassar a concessão para indústrias cariocas.
      Em 1904, o Governo Brasileiro criou a Comissão do Carvão com o objetivo de avaliar a potencialidade das ocorrências de carvão do sul do Brasil. Neste mesmo ano, o Ministro da Industria, Dr. Lauro Müller, nomeou o geólogo americano Dr. Israel C. White como chefe da Comissão do Carvão. White e sua equipe desenvolveram trabalhos em Santa Catarina no período de 1904 a 1906 e os resultados de seus estudos foram reportados no "Relatório Final - Comissão de Estudos das Minas de Carvão de Pedra do Brazil - 1908".
     Com o advento da Primeira Guerra Mundial, o carvão nacional assistiu seu primeiro surto de exploração, época em que foram ampliados os ramais ferroviários e inauguradas novas empresas de mineração, tais como a Companhia Brasileira Carbonífera Araranguá - CBCA, Companhia Carbonífera Urussanga - CCU, Companhia Carbonífera Próspera, Companhia Carbonífera Ítalo-Brasileira e a Companhia Nacional Barro Branco.
     O segundo surto veio no Governo Getúlio Vargas, com a construção da Companhia Siderúrgica Nacional - CSN em 1946, e com o decreto determinando a utilização de 20% de carvão nacional em sua operação, na composição do coque.
     Seguiu-se a construção das termoelétricas de Candiota - RS e Jorge Lacerda - SC, que impulsionaram o consumo do carvão.
     Com a crise do Petróleo na década de 70, novo impulso foi dado para o consumo do carvão nacional, tendo sido criado pelo Governo Federal, o Programa de Mobilização Energética - PME, visando conhecer mais detalhadamente as reservas de carvão nacional e incentivar seu uso. No início da década de 90 o setor foi desregulamentado por decreto federal, mergulhando todo o setor sul-catarinense em uma profunda crise. Em Santa Catarina, uma nova fase de desenvolvimento da atividade carbonífera no sul do Estado se avizinha com a implantação de um parque térmico na região
.

Texto extraído da página: http://www.carboniferacatarinense.com.br/carvaomineral.php

     Como vimos, até a indústria carbonífera se instalar de vez em nosso país, necessitou-se um bom tempo, conhecimentos e aprimoramentos no processo de produção.  Por ter um baixo teor energético e alto teor de cinzas, sempre houve certo preconceito com o minério brasileiro. Sem falar nos processos rudimentares, que agrediam demais a saúde e o condicionamento físico dos trabalhadores. Hoje podemos dizer que a indústria carbonífera brasileira e, portanto, catarinense, possui uma estrutura fiel aos padrões mundiais de tecnologia e extração, substituindo principalmente a força braçal pela força mecânica.

(Ilustração de Henrique Maciesk, Escola Jovem - Tubarão)

Os Impactos ambientais

     Os impactos ambientais causados pelas usinas carboníferas são grandes, ao passo que as emissões de gazes prejudiciais, o descarte de resíduos sólidos, o abandono de áreas subterrâneas e até mesmo a poluição térmica são fatores inerentes desse tipo de segmento de indústria. 
     Cada mina abriga uma área de em média 4,5 km² por usina, fora as partes secundárias. Ou seja, dependendo do local de instalação, até mesmo a ocupação pode ser prejudicial ao meio ambiente.
     Além dos gases poluentes expelidos pelo carvão, ele também pode causar chuva ácida, além dos materiais utilizados no seu processo de produção, como os resíduos, chaminés, torres de resfriamento e corredores de fios de alta tensão, que são abandonados ou colocados ao relento, sendo desta forma, prejudiciais. Poucas são as empresas que têm um esquema realmente complexo e eficiente de deposição de materiais descartáveis e seus derivados.
      Porém, sempre existem programas a fim de amenizar, por menor que seja, o ritmo de gases poluentes. Melhorias no processo de combustão, dessulfurização de gases de combustão, utilização de carvão com baixo teor de enxofre, entre outras tarefas, são aplicadas nas empresas carboníferas catarinenses.
     Existem ainda empresas que aproveitam o calor residual de suas usinas para outros fins energéticos, como o aquecimento de caldeiras, movimentação de motores, etc.

     Observe este trecho de uma reportagem da revista VEJA (http://veja.abril.com.br/), de dezembro de 2008, onde medidas para uma boa utilização do carvão, sem agredir o meio ambiente, são apresentadas:

     “Algumas tecnologias permitem a redução dessa emissão. Uma delas é a lavagem de carvão, que mistura o carvão triturado a um líquido, separando as impurezas. Em outras técnicas, o dióxido de enxofre, uma das maiores causas da chuva ácida, é retirado. Também já é possível a redução de óxidos de nitrogênio, uma das causas do ozônio no nível do chão. Outras tecnologias permitem o bombeamento do gás carbônico para o subsolo pelas usinas termelétricas. Há três alternativas: o lançamento do gás em minas de carvão, expulsando o gás metano (que, por sua vez, pode ser usado como combustível pela usina); em minas de água salgada imprópria para consumo humano ou para reservas de petróleo, facilitando na extração do combustível.”

 

     Conhece a FATMA? É a Fundação do Meio Ambiente, responsável por monitorar e preservar a natureza de nossa região, sendo de total importância para o desenvolvimento sustentável do estado, influenciando as empresas a produzir sem prejudicar tanto nossa tão boa mãe natureza. Saiba mais sobre a FATMA no link: http://www.fatma.sc.gov.br/


Doenças e acidentes

     Nas minas de carvão, por se tratar de um ambiente fechado e sem ventilação contínua do ar, existe uma série de problemas que podem afetar o trabalhador, sendo a prevenção contra tais problemas de extrema importância para uma boa condição de vida.
     Antigamente, como já dito, todo o processo extrator era de uma tecnologia menos aprimorada e, por isso, não tão sustentável e segura. Os sistemas de ventilação atuais que de certa forma inibem as conseqüências mais catastróficas, nem sequer eram projetos. Desta maneira, desde que chegou ao Brasil, o processo de extração de carvão sofreu diversas e demoradas evoluções.
     Porém, por mais que o homem tente burlar a natureza, sempre existe uma parte desse sistema natural que prevalecerá. Não somos perfeitos. Em vista disso, podemos citar os diversos problemas que ainda nos dias de hoje, por mais que nossas tecnologias estejam avançadas, acabam afetando a vida de nossos mineiros.
     Entre eles destacam-se os cânceres de pulmão, provenientes da falta de circulação do ar e também de partículas tóxicas no ambiente. Um grande intervalo de tempo exposto a tais fatalidades é o que causa os tais cânceres, muitas vezes benignos e outras vezes malignos, podendo levar ao óbito.
     Talvez a doença com maior destaque entre as que avassalam os trabalhadores das minas, a Pneumoconiose dos Carvoeiros, também conhecida como Pulmão negro, seja a mais freqüente. Esta é uma doença que ataca os bronquíolos e, consequentemente, acaba afetando todo o sistema respiratório. É aderida pela inalação de pó de carvão por um longo tempo e seus sintomas na fase mais simples são inexistentes, tendo na fase mais complexa desde tosses contínuas chegando até mesmo numa indisposição frequente. Existe cura para tal doença, desde que esta seja detectada ainda cedo.
     Para saber mais sobre o Pulmão negro, acesse    http://www.manualmerck.net/?id=64&cn=722
     Outra doença de menor destaque nas minas carboníferas, porém, também de total importância é a Síndrome de Caplan, causada em pessoas que tem artrite reumatóide e que também pode levar a sérias consequências, inclusive a morte.
     Já os acidentes são inevitáveis em qualquer âmbito, ao passo que seu nome já explica sua origem: um acidente. Entre os mais comuns, podemos citar os deslizamentos de terra, a queda de rochas e da quadração, falhas mecânicas e elétricas, além também do principal fator para o acontecimento de diversos acidentes: O excesso de autoconfiança.
    No mais, os riscos de se trabalhar em grande contato com o mundo mineral sempre existem, ainda mais a tantos metros no subsolo, porém, prevenir-se e tomar os determinados cuidados para que as coisas sejam feitas certas é mais que precaução, é cumplicidade com a profissão e, antes de tudo, com sua própria vida.

Salários e condições de vida

     O salário inicial de um trabalhador de mina é em média R$ 2.500,00, podendo chegar a até  mesmo R$ 8.000,00. No contrato da grande maioria das empresas, quase unânime, prevalecem planos de saúde bem definidos, assistência familiar, tal como também psicólogos (quando assim for necessário) e utilização farmacêutica (também quando necessário). 
     O tempo de trabalho no subsolo é de quinze anos, ganhando a aposentadoria especial após este período.


O processo de produção
     Observe o processo de produção do carvão ilustrado por Gulquet, nosso mascote, neste HQ. Todos os créditos do desenho vão para Henrique Maciesk, nosso ilustrador e amigo. 


Destrinchando o processo de produção

01 - O primeiro processo a ser feito para a extração do carvão é a escavação. Este minério costuma situar-se em bacias sedimentares. Logo, em certos pontos destas bacias, quando encontrados (através de sondas), uma perfuratriz (ou dinamite) começa a cavar os túneis. Leva-se muito tempo para a construção de todo um corredor e, mais ainda, de todo um plano. São verdadeiras cidades subterrâneas, com quilômetros e quilômetros de distância, divididos em galerias. Quando o carvão de uma galeria é extinto, deixa-se esta de lado ou mesmo faz-se da mesma um depósito e usa-se tampões para isolá-la. Em Santa Catarina, cidades como Criciúma e Lauro Müller têm tais cidades subterrâneas embaixo de si. Os riscos existem, mas como Santa Catarina é um estado livre de abalos sísmicos e atividades vulcânicas, existe uma certa estabilidade em relação a tais riscos. 

02 - A extração do carvão é dada com máquinas próprias para a raspagem, não se fazendo como o antigo processo de extração manual, onde a imagem típica dos mineiros com picaretas nas mãos nos vêm à cabeça. É um processo bem mais prático e menos perigoso que dos tempos de outrora e, acima de tudo, bem mais produtivo. O carvão é retirado da terra e depositado em uma esteira. Nesta esteira (que vai até a superfície) o carvão é colocado no próximo processo, visto na figura 03. O trole, um carrinho de andar nas minas, é quem faz o percurso desde o local de extração até as esteiras. 
03 - Este é o processo de lavação, onde em uma esteira o carvão é lavado com constantes jatos d'água, que tirarão do mineral as principais impurezas e substâncias tóxicas, como a pirita, principal rejeito carbonífero. Algumas jazidas carboníferas utilizam também de outros processos de desintoxicação, mas o processo de lavação torna-se primordial em todas, tanto quanto sua extração.
04 - Na figura número quatro observamos o transporte do carvão que, classicamente, se dá por meio de trens e demais locomotivas, mas devido as tecnologias atuais estão trocando constantemente de veículo transportador. Tais veículos levarão o carvão desde a jazida extratora, depois de lavado, até uma usina termelétrica (na maioria dos casos em Santa Catarina), onde lá ocorrerá o processo de transformação de energia.
05 - Nesse processo o carvão é colocado em uma esteira (típico!) e logo após levado até um forno (até 4000 ºC) onde sua queima produzirá o calor necessário para mover certas turbinas e assim, através de um gerador enorme (e bota enorme nisso), ser transformado em energia elétrica e armazenado nos estoques de energia.
06 - Tal energia elétrica abastecerá milhares de casas em diversas cidades ao redor da usina, como a sua, se for o caso. A lampada que ilumina os quartos, a TV que anima as suas tardes e até mesmo o computador que você está usando agora para ler tal postagem é, sem dúvida, na grande maioria dos casos, provindos de um minério escuro, quase feio, lá de 

baixo da terra, mas que tanto tem importância em nossas vidas.
Fonte de pesquisa: Relatos de mineiros, como seu Paulo, nosso entrevistado do dia. Veja sua entrevista logo abaixo:

Não se restrinja, conte para nós – 1.


Entrevistado: Paulo das Chagas, 49 anos, eis trabalhador de mina.
     Desta vez, o entrevistado nos dirá algumas curiosidades sobre as minas de carvão. Vamos à entrevista:

Área restrita: Seu Paulo, uma questão que muito nos intriga é em relação ao ar dentro da mina. Como é viver dentro da terra e respirar um ar tão rarefeito e complexo?

Seu Paulo:
Boa pergunta. Realmente os ares das minas de carvão são muito misturado, indo desde o oxigênio que respiramos a até algumas fagulhas de carvão e gases tóxicos que se desprendem dos locais de extração. O que acontece é o seguinte: Temos dutos de ventilação que circulam o ar limpo da superfície da mina para dentro desta e outros dutos que fazem o processo inverso, retiram o ar tóxico e o levam para cima, longe dos mineiros. É um processo muito simples, mas que dá um trabalho para ser feito. Quer dizer, fazer qualquer coisa a dezenas de metros em baixo da terra não é uma tarefa fácil.
Área restrita: O que te levou a trabalhar na mina, como trabalhador e como pessoa?

Seu Paulo: Como trabalhador vi no salário e na pouca idade para a aposentadoria uma alternativa muito intrigante. Como pessoa, confessor que por vezes tive medo, principalmente quando acidentes e doenças ocorrem com próximos da gente, mas nada que me abalasse por completo. Meu pai morreu de câncer de pulmão ocasionado pela mina de carvão. Alguns de meus irmãos também sofreram uns infortúnios, mas, meu jovem, nesta vida para se morrer basta estar vivo. 


Área restrita: Então não há arrependimento em relação aos anos de trabalho na mina?


Seu Paulo: Não, não há arrependimento, embora eu não aconselhe um jovem como você a querer seguir esta vida. Existem oportunidades melhores e mais viáveis. 


Área restrita:
Existe algum legado que as tantas experiências na mina de carvão lhe rendeu?

Seu Paulo: Com toda certeza. Quando se trabalha numa mina, você faz alguns amigos, perde outros. Você aprende um bocado de todo o canto do estado, já que pessoas de diferentes locais ali trabalham. Você aprende coisas menos reais e mais abstratas, como dar um maior valor a vida. Aprendi também sobre as tecnologias vigentes, um pouco sobre o processo de geração de energia, sobre a história das minas e um tanto de outras coisas que passo para meus filhos e um dia para meus netos. 


Glossário
  • ·         Quadração – Quadrados de sustentação da mina.
  • ·         Demasia – Muito, bastante, em grande número.

*Link com principais empresas carboníferas de Santa Catarina e seus números de contato: http://www.guiamais.com.br/busca/mineracao+empresas-sc                                                                                                                                                                             
* Veja no Google Maps a Termelétrica Jorge Lacerda (vizinha da equipe Área restrita) 
Rua da Liberdade – Capivari de Baixo.

 Não se restrinja, conte para nós – 2.



     Vídeo do diário catarinense sobre rotina de mineiro catarinense. Vale muito conferir! 

Conclusão

     As empresas fornecedoras de energia elétrica veem no carvão uma alternativa muito atraente, ao passo que este é muito barato e abundante, mesmo sendo tão prejudicial ao meio ambiente. Desta forma podemos justificar as tantas minas carboníferas existentes no mundo. Nosso município não é e nunca será o líder em extração deste minério, mas consegue, sim, fazer deste segmento de indústria uma atividade que renda dinheiro tanto para os trabalhadores, como as empresas e o próprio estado. Nós, do sul de Santa Catarina, crescemos ouvindo do carvão e das minas, dos processos de transformação de energia e esta com certeza será uma lembranças de muitas gerações. Não só por sua importância econômica, mas também por representar uma especialidade nossa, nós da equipe do Área restrita e todos os sulistas da região, falaremos do carvão com orgulho no peito e sorrisos no rosto.

#falougatoamarelo!





     Em nossa conclusão, o verbete “veem” foi escrito sem o acento circunflexo (^) no primeiro “e”, ao passo que de acordo com a nova ortografia tal acento foi banido da língua portuguesa. Assim, palavras como leem,  anteveem e releem são escritas sem o acento.
    Para melhorar compreender as novas regras de acentuação, dê uma olhada no vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=c_zPdHvru6w

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